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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

A culpa é das estrelas?




Censura de best-seller reacende discussão sobre liberdade de expressão

Vivemos na época da liberdade de expressão, do direto à livre circulação de informações e ideias, não é mesmo? Bem, deveria ser assim – mas, por vezes, parece que a realidade não é essa. No final de setembro, o aclamado best-seller A culpa é das estrelas, do autor americano John Green, foi barrado e teve sua leitura proibida em escolas públicas do distrito de Riverside, no estado da Califórnia. A razão para a proibição? A história trata de sexo e morte. Essa polêmica proibição foi liderada por uma mãe de aluno, Karen Krueger. Ela argumentou que o conteúdo do romance não seria apropriado para jovens na faixa de 11 a 13 anos e convenceu uma comissão formada por pais, professores, diretor e bibliotecários a tirar os livros da biblioteca do distrito.

A história do livro – que virou filme e já arrebatou lágrimas de milhões de expectadores em todo mundo – conta um pouco sobre a vida de Hazel Grace Lancaster, uma jovem que tem câncer e se mantém viva graças a uma droga experimental. Ela conhece Augustus Waters, rapaz que também tem a doença, e os dois vivem uma bela história de amor, com pitadas de angústia, dúvidas e muita cumplicidade.

O autor do romance, ao saber da decisão, comentou (com certa ironia) que tinha ficado feliz e triste: “Fiquei feliz porque, aparentemente, esses jovens de Riverside nunca irão testemunhar a morte, já que nunca vão ler meu livro. Por outro lado, também estou triste porque esperava poder introduzir a essas crianças a ideia de que pessoas podem morrer e acabar com suas esperanças de imortalidade”.

Polêmicas como essa, envolvendo livros e, por vezes, censurando o acesso livre às obras, infelizmente não são novidade. Durante vários séculos, a Santa Inquisição cuidou para que livros considerados “inadequados” à fé e à doutrina cristã fossem devidamente catalogados no Index, lista de obras proibidas da Igreja. Esses livros eram censurados, apreendidos e até queimados. Tudo isso para que os fiéis não se deixassem corromper por obras cuja temática era considerada herética, ou seja, com ideias contrárias à filosofia cristã. Já no período da Ditadura Militar brasileira (bem como em outros sistemas de caráter totalitário, como o Nazismo), os livros também eram “controlados” e devidamente classificados como “adequados” ou não à publicação e leitura das pessoas.

Mais recentemente, no século XIX, o escritor Gustave Flaubert teve de enfrentar um processo judicial ao ser acusado de ofender a moralidade e os bons costumes em seu consagrado Madame Bovary. Também no final do século XIX, o escritor Júlio Ribeiro “escandalizou” a sociedade brasileira com seu romance naturalista A carne, em que tratava de temas tabu, como o divórcio.

Assim, a polêmica envolvendo o livro de John Green reacende a discussão sobre a liberdade de expressão da literatura e o direito do leitor em escolher. De fato, sempre haverá temas polêmicos, que tocam nas “feridas” da sociedade. Mas será que proibir é o melhor? Não seria mais interessante o diálogo, a discussão e que cada leitor pudesse optar pelo que quiser? Ou devemos controlar e “proteger”, como quis a mãe americana ao propor a proibição? Mais uma vez, estão em pauta os direitos do leitor e o direito à liberdade de expressão e também de escolha. 


E você, o que acha? 

Um comentário:

  1. Em minha opinião as pessoas devem ter livre arbítrio de escolher o que quer, e elas tem que entenderem que um livro sempre irá passar uma mensagem com certeza boa ou ao menos reflexiva e jamais irá influenciar os leitores a cometerem algo errado.

    Angélica Nunes 202

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